A recomendação da Organização Mundial de Saúde, endossada pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, é que o aleitamento materno deve durar no mínimo 2 (dois) anos. Na prática, a realidade da nossa cultura é bem diferente. Nascem os dentes, o bebê começa a introdução alimentar e as pessoas (incluídos aí muitos profissionais da saúde, infelizmente) já não vêem necessidade dele continuar mamando.
Depois de 1 ano, então… \”Nem pensar!\” \”Já anda, já come de tudo, não tem pra quê continuar no peito\”. \”É feio bebê grande mamando\”. \”Só mama por dengo e vai ficar mal acostumado\”. \”O leite a essa altura já virou água\”. E os comentários e opiniões descabidos (normalmente não solicitados) não têm fim.
A ignorância quanto ao real significado da amamentação e seus inúmeros benefícios para além dos seis primeiros meses ainda impera na nossa sociedade.
A amamentação no banco dos réus da nossa cultura
Neste contexto, em que o desmame precoce é a regra, a mãe que decide continuar amamentando pode se sentir só, hostilizada, incompreendida.
A amentação leva a culpa pelo bebê que não dorme como se espera dele, que não come tudo que está no prato, que fica choroso quando não está no colo, que é apegado à mãe. Pela lógica cultural, amamentar um bebê maior de um ano é algo desnecessário e pura teimosia da mãe. Falta ajuda, falta apoio, sobram críticas.
Amamentar para além do primeiro ano de vida se torna extremamente desafiador. Se chegamos a abrir a boca para falar sobre cansaço, aparecerá alguém recomendando desmame como se fosse a solução mágica para todos os problemas maternos. E acreditem: não é!
No entanto, quando a poeira baixa e a gente recupera a razão, quando relemos as evidências sobre o assunto e estudamos um pouco mais sobre desenvolvimento infantil, vemos que na verdade a amamentação é uma grande aliada. E a gente se apega a isso, e segue em frente, um dia de cada vez. Pelo bem deles e nosso também.
Continua no próximo post: Porque é tão difícil continuar amamentando – Saltos de Desenvolvimento
[Não deixe de assistir a nossa live ou ouvir nosso podcast sobre Desafios da Amamentação Prolongada.]
Por Gabrielle Gimenez @gabicbs
[Na foto, os gêmeos estavam com 1 ano e 7 meses. Eles hoje estão 4 anos e 7 meses e acabaram de encerrar um processo de desmame natural. Só pra lembrar que: Não existe recomendação de tempo máximo para a duração da amamentação, ficando a critério exclusivamente da mãe e da criança.]
Texto publicado originalmente na minha conta do Instagram em 09 de outubro de 2018 e revisado nesta edição.