Porque é tão difícil continuar amamentando – Comportamento Infantil

Porque é tão difícil continuar amamentando - Comportamento Infantil

E quando o bebê já passou por todos os picos e saltos da tabela e continua com um comportamento \”difícil\”, como explicá-lo?

Em primeiro lugar, as tabelas que vemos por aí contemplam apenas o primeiro e segundo ano de vida. Mas os picos de crescimento continuam ocorrendo durante toda a infância, incluindo a adolescência. Em relação aos saltos de desenvolvimento, a criança continua adquirindo novas habilidades e aprimorando as existentes.

Além disso, existem outros fatores que podem afetar o comportamento. Alguns exemplos são as alterações na rotina, mudança de domicílio ou escola, doenças, perda de contato frequente com uma figura de apego, chegada de um irmãozinho, tensão no lar, separação dos pais, etc.

Uma boa dica seria: esqueça as tabelas e aprenda a olhar para seu bebê.

Entendendo um pouco mais o desenvolvimento infantil

Os períodos de \”crise\”, tenham eles origem física ou emocional, podem gerar angústia e afetar, como dissemos, o padrão de sono e alimentação, conformidade com a rotina, sociabilidade com o entorno e o humor da criança.

O desenvolvimento não ocorre de modo organizado e linear, como pensamos, e pode ser antecedido por breves períodos de \”regressão\”. Assim, entre aspas mesmo, porque não se trata realmente de regressão. É como se déssemos alguns passos atrás para pegar impulso e dar um grande salto. Então, não é que o bebê fica chato ou manhoso. Nem que esteja mal acostumado ou tentando manipular para conseguir o que quer (ele sequer tem capacidade neurológica para isso). Na verdade, todas essas mudanças podem ser assustadoras ou de alguma forma lhe causar insegurança ou angústia. E é justamente por isso que ele busca a sua segurança na mãe (ou outra figura de apego).

Por aqui, o período prévio à chegada dos dois anos foi caracterizado por momentos de turbulência e relativa tranquilidade que se alternavam num looping infinito. Voltaram a mamar como recém-nascidos, ficaram num grude só dia e noite. Quer o chamemos de terríveis ou maravilhosos dois anos, a verdade é que foi uma das fases mais desafiadoras que vivi como mãe até agora. Se para nós é sofrido, para eles ainda mais. Seguiu-se a fala mais fluente, primeiros diálogos, o desfralde conduzido por eles. Grandes mudanças, entremeadas com chororô, ataques de birra e muitos chiliques.

O problema é o comportamento infantil ou a nossa interpretação sobre ele?

Muitos pais, por ignorância, cansaço extremo ou pressão do contexto, interpretam mal o comportamento do bebê e deixam de responder à sua demanda para não alimentar a \”manha\”. No pacote estão incluídos o deixar chorar, o ignorar para ver se esquece e o desmame precoce e/ou abrupto. Porque, lógico, o peito sempre leva a culpa do mau comportamento, das noites mal dormidas, de tudo enfim. No entanto, quando nós deixamos de ser responsivos, de acolher com empatia, quando negamos nossa presença e o peito (se for o caso), estamos tirando do bebê as únicas coisas em que ele confia para atravessar as crises com segurança.

Por mais que seja uma fase extenuante, precisamos acompanhá-los com paciência e muita compreensão. Ela vai passar de um jeito ou de outro. Mas o modo como conduzimos o processo fará toda a diferença em como a criança irá encarar os novos desafios por diante, os relacionamentos que irá construir e a si mesma.

Leia também os posts anteriores: Porque é tão difícil continuar amamentando – Saltos de Desenvolvimento e Porque é tão difícil continuar amamentando – Cultura do Desmame.

[Não deixe de assistir a nossa live ou ouvir o nosso podcast sobre Desafios da Amamentação Prolongada.]


Por Gabrielle Gimenez @gabicbs

Texto publicado originalmente no meu perfil do Instagram em 11 de outubro de 2018 e revisado nesta edição.

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