A chegada do bebê pode provocar um grande rebuliço na dinâmica familiar como a conhecíamos até então. O papel do pai é fundamental na busca pelo novo ponto de equilíbrio.
Buscando o equilíbrio entre as novas prioridades e as tarefas de sempre
Existem inúmeras maneiras do pai participar ativamente na dinâmica familiar após a chegada do bebê. Ele pode dar um banho, trocar uma fralda, dar colo depois que o bebê acaba de mamar, carregar no sling. Pode fazer uma massagem ou pele a pele para aliviar a cólica e embalar quando chega a hora da bruxa no fim do dia. Pode oferecer o leite materno ordenhado no copinho se a mãe precisar se ausentar ou se estiver precisando de um descanso. Estas são maneiras maravilhosas em que pai e filho podem se conectar.
Ele pode assumir os cuidados com o filho mais velho, lavar uma louça, preparar uma refeição, colocar roupa na máquina, limpar o banheiro, fazer as compras. É muito importante que a mãe possa se desentender ao máximo de tudo o mais para se concentrar no bebê. Quanto menos distrações e sobrecarga mental houver, melhor fluirá a amamentação e mais fácil será a construção e fortalecimento do vínculo mãe-bebê no começo da vida extrauterina. Se este vínculo for sólido e saudável todos os demais relacionamentos também o serão.
O pai pode se informar e se empoderar junto com a mãe, animá-la quanto à amamentação, reforçando a sua capacidade de nutrir e cuidar do bebê. Uma mãe apoiada e segura de si mesma poderá encarar com muito mais leveza os desafios da maternidade.
Por ocasião do fim da licença maternidade e a separação precoce entre a mãe e o seu bebê, o pai pode assumir o papel de cuidador principal na ausência materna se a configuração laboral e familiar o permitir. Embora nossa sociedade encare ainda com certo preconceito essa conformação, para o bebê é um enorme privilégio receber os cuidados amorosos e focados de uma de suas figuras de apego mais próximas. Para o pai é a chance de cultivar uma semente cujos frutos serão colhidos ao longo de toda a vida. Uma maneira ótima de fortalecer o apego e proporcionar um desenvolvimento ideal ao pequeno num contexto seguro e responsivo.
O papel do pai na nossa história familiar
A ilustração acima me fez viajar no tempo 4 anos atrás. Numa noite qualquer, sentada na cama com os gêmeos mamando pra dormir. Enquanto meu marido, sentado ao lado com uma tábua redonda no colo, colocava pedaços de pizza ainda quentinha na minha boca faminta. Foram muitos banhos e trocas, banheiros e louça lavados. Histórias de ninar para o nosso filho mais velho no quarto ao lado. Muitas refeições feitas com um bebê pendurado no sling, noites dormindo num colchão no chão da sala para que todos dormíssemos melhor. Enfim, muita parceria nesta maratona alucinante da parentalidade múltipla. Está longe de ser o pai perfeito, mas olho pra trás e agradeço por ter ao meu lado o pai possível em cada fase, apesar de todos os perrengues.
Temos muito para desconstruir, ajustar, melhorar. Sonho com um mundo no qual a parentalidade possa ser exercida de forma consciente. Que haja companheirismo, divisão justa de tarefas e senso de responsabilidade compartilhado. Salvaguardando as diferenças e o rol próprio de cada um, que ainda assim haja compromisso e o desejo de juntos sermos melhores versões de nós mesmos a cada dia, pelo nosso próprio bem e pelo bem dos nossos filhos. Sonho com famílias saudáveis, vínculos fortes, com um mundo melhor.
[Leia também: O tempo que seu bebê passa no colo deixa marcas no seu DNA e Vida depois dos filhos]
Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs
Ilustração de Rodrigo Bueno
Você pode encontrá-lo no Facebook Diário Ilustrado da Paternidade e no Instragram @diario_ilustrado
[Na foto, meu marido dando banho no Fernando recém-nascido. Ele foi o \”banhador\” oficial dos nossos três filhos por um longo tempo.]
Texto originalmente publicado na minha conta do Instagram em 09 de agosto de 2019 e ampliado nesta edição.