O sexo no pós-parto pode ser diferente, o que não significa necessariamente que seja ruim. Entender as mudanças que estão ocorrendo e manter um diálogo franco ajudarão bastante no processo.
As mudanças no puerpério e o sexo
Se falar sobre sexualidade feminina já gera certo desconforto, tratar sobre sexualidade materna então é quase um tabu. No entanto, é importante falarmos sobre o tema com a naturalidade que ele requer. Mães são antes de tudo mulheres, e embora a retomada da vida sexual após o parto para muitas possa se dar sem maiores problemas, para outras tantas de nós, por diferentes motivos, esse processo será um pouco mais complicado.
A nova mãe precisa de tempo para processar as inúmeras mudanças. Porque o puerpério tem revolução hormonal, cansaço extremo pela alta demanda do bebê e noites mal dormidas. Tem baixa libido, tem dores do pós-parto, tem um corpo voltando pro lugar. Tem ressecamento vaginal, tem peito vazando e podemos seguir com a lista. A boa notícia é que todos estes itens tenebrosos são temporários e podem ser contornados pelo casal com acolhimento e compreensão, com companheirismo, partilha de tarefas, muita paciência e, acima de tudo, diálogo franco.
Dando tempo ao tempo
É preciso dar tempo ao tempo, sem cobranças nem chantagem emocional. O novo pai não pode esquecer que a prioridade agora é o bebê e sua mãe e o vínculo que eles estão construindo. Que o seu corpo e mente estão totalmente programados e concentrados em atender física e emocionalmente o novo ser tão dependente de cuidados. E é natural que sobre muito pouco tempo para se preocupar com outras coisas. [Leia mais em: O Papel do Pai na Dinâmica Familiar]
A nova mãe deve evitar ao máximo o auto-boicote, o que inclui a comparação constante com o padrão ideal (ou melhor dito, irreal) de beleza e sensualidade vendido por aí. O corpo passou por uma enorme transformação durante a gravidez e vai estar por um bom tempo diferente do que era e tudo bem. Para que a pressa? Beleza e sensualidade são uma questão de auto-aceitação e não de imagem. Retomar a vida sexual no tempo oportuno, com leveza e sem neuras é também uma forma de satisfação e auto-cuidado. [Leia mais em: Pós-parto e a Aceitação do Novo Eu]
A busca da intimidade perdida
Na maratona da nova rotina talvez seja preciso resgatar a intimidade perdida, o que obviamente não se resume ao sexo. Voltar ao momento da aproximação e da conquista, de descobrir coisas legais pra fazer juntos enquanto os hormônios se reequilibram e o desejo renasce. Conversa amorosa, carinho, beijos, carícias, deixar fluir. Saber quando parar e retroceder no caso de surgirem desconfortos físicos ou emocionais. Buscar novas maneiras de se curtir e ter prazer a dois independente de haver ou não penetração ou orgasmo num primeiro momento. Pois o sexo também não se resume a isso.
A medida que o tempo passa e o caos diminui, que a libido volta e o desejo aumenta, aproveitar e planejar o tempo a dois, mas sempre deixando margem para as situações inusitadas (ou não tanto), como por exemplo o bebê que chora na hora H. É aí que entram o bom-humor e a criatividade para retomar de onde se parou, para buscar uma nova posição mais confortável, para inovar nos lugares e superfícies (especialmente quem faz quarto/cama compartilhada), para relevar detalhes menos importantes.
Aprendendo a respeitar o novo
Respeitemos e amemos quem somos e quem estamos nos tornando. Cuidemos do nosso corpo e das nossas emoções. Façamos uma leitura correta dos nossos desejos e dos desejos do outro. Procuremos o equilíbrio em tudo. A maternidade será sempre demandante por diferentes razões. Mas dentro da nossa realidade do hoje e do agora poderemos nos permitir pequenas concessões que tornarão nossa trajetória mais prazerosa e leve.
[Leia também: Libido e Sexo no Pós-parto: Dúvidas Frequentes]
[Para se aprofundar no tema, assista a nossa live ou ouça o nosso podcast sobre Sexo no Pós-parto.]
Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs
Texto originalmente publicado na minha conta do Instagram em 01 de novembro de 2018.