Desmame precoce por confusão de bicos: relato e reflexão
Não amamentar do jeito que a gente sonhou dói. A outra grande dor vem quando a informação chega e vemos que tudo que aconteceu poderia ter sido evitado.
Não amamentar do jeito que a gente sonhou dói. A outra grande dor vem quando a informação chega e vemos que tudo que aconteceu poderia ter sido evitado.
A recomendação médica de complementação com leite artificial deveria ser para a amamentação como a de cesárea para a via de nascimento. Ou seja, a última opção, escolhida com o intuito de preservar a vida em casos de risco real e iminente. Mas os altos índices de cesárea e a baixa média de aleitamento materno exclusivo no país, bem distantes dos números recomendados pela Organização Mundial de Saúde, nos mostram que na prática não é bem assim.
Dentre todos os períodos de \”crise\” no desenvolvimento infantil, esta fase de mudanças e adequação na produção de leite da mãe, que em geral ocorre entre o 2° e o 4° mês é uma das que merece maior atenção.
Embora o panorama atual nos leve a crer que a indústria já ganhou a guerra, não podemos perder a oportunidade de espalhar informação correta, de derrubar mitos, desmascarar os verdadeiros vilões e tratar de vencer as batalhas que se apresentem diante de nós.
Confusão de bicos é um termo comumente utilizado para explicar a dificuldade que algumas crianças têm de continuar o aleitamento materno após terem sido submetidas a algum tipo de bico artificial (estejam eles relacionados à sucção nutritiva ou não). Inicialmente, essa utilização pode gerar confusão quanto à forma de mamar da criança, dificultando a ordenha no seio materno, podendo levar ao desmame precoce.
Não estamos preparados para lidar com a dependência extrema do ser humano ao nascer. Esquecemos que o choro é antes de tudo uma forma de comunicação.
Só poderemos resistir à pressão da nossa cultura em relação ao desmame se soubermos exatamente quem são os verdadeiros inimigos da amamentação e tivermos a informação correta para questioná-los.