Relato de aleitamento materno exclusivo gemelar

Relato de aleitamento materno exclusivo gemelar

Este relato de aleitamento materno exclusivo foi escrito e originalmente publicado em 18 de dezembro de 2015. Os gêmeos estavam com 6 meses e meio.

Ontem os gêmeos fizeram o controle do 6° mês. Por uma questão de mudança de plano de saúde tivemos que trocar de pediatra. Na transição eles ficaram sem o controle do 5° mês. Confesso que estava bastante apreensiva. Não pela saúde deles durante esse período, pois estavam bem. Mas por não saber com que tipo de critério médico iria me encontrar. E eu estava cansada e pouco afim de andar fazendo cara de alface ou tendo que me justificar. E se a maldita balança me desse uma rasteira? Porque por mais que acredite na amamentação, sou humana, e de vez em quando me sinto tentada a comparar meu bebê com o filho dos outros. Inclusive com outros relatos de mães de gemelares do grupo de amamentação do qual faço parte. Por isso nem vou mencionar ganho de peso neste post.

O tão esperado dia da consulta

Para minha surpresa, quando a pediatra, que estava tomando notas do histórico deles, perguntou como era a alimentação e eu respondi só peito, ela levantou a cabeça, arregalou os olhos e abriu um sorriso. E então disse: “Eu não acredito, meu Deus, eu não acredito! Parabéns! Parabéns mesmo! Eu estou amamentando um bebê de 5 meses e sei o quanto é puxado. Imagina dois! Você está de parabéns”.

Depois de examiná-los, medi-los e pesá-los, tomou nota na caderneta, conferiu na tabela e disse que estavam ótimos mesmo comparados com bebês da mesma idade (até então sempre tínhamos utilizado a idade corrigida em 35 dias em virtude da prematuridade). Nada de ficar calculando ganho de peso diário ou comparando com a última pesagem. Nada de estipular ganho de peso mensal. Porque sei de pediatras que fazem isso e é simplesmente absurdo. Cresceu, ganhou peso, tá bem, saudável, é o que importa.

Falamos sobre introdução alimentar, enfatizando que o mais importante continua sendo a amamentação. Sobre evitar mamadeiras para oferecer líquidos. De esquecer que existe açúcar e comida industrializada. E tantas outras coisas boas que eu já sabia, mas que foi bom escutar dela. Inclusive em mais de um momento nos perguntou se éramos da área de saúde, pelo vocabulário e pelas convicções em relação à saúde dos bebês. Sorrindo dissemos que não. E guardei pra mim a resposta: “Não, doutora, somos apenas pais bem informados e informação é poder”.

Aleitamento materno exclusivo com sabor de vitória

Confesso que na hora por uma fração de segundo me peguei resmungando que o menino tinha ganho pouco peso em dois meses. Mas meu marido me colocou nos eixos rapidinho. No caminho de volta à casa eu disse em voz alta: “Então agora é oficial. Consegui superar os 180 dias de aleitamento materno exclusivo”. E de repente meus olhos se encheram de lágrimas e não pude segurar a emoção. Lágrimas de dupla vitória contra o sistema, de superação pessoal, de redenção. Eu havia fracassado uma vez. O desmame precoce do meu filho mais velho por confusão de bicos em virtude da má orientação do pediatra. E havia prometido a mim mesma que não voltaria a passar. Deus me deu outra chance e abracei o desafio, ainda que em dobro. Foi uma experiência libertadora.

E chegamos a 194 dias de amamentação exclusiva. Meus filhos talvez nunca serão como os bebês rechonchudos que ilustram os pacotes de fraldas. Mas são meus, são únicos, esbeltos e saudáveis. E isso é tudo o que importa.


Relato por Gabrielle Gimenez @gabicbs

[Este relato foi escrito e originalmente publicado em 18 de dezembro de 2015 na minha conta do Facebook. Os gêmeos estavam com 6 meses e meio. O aleitamento materno exclusivo se estendeu até o início do 7° mês, quando começamos a introdução alimentar pela idade corrigida. Na foto, amamentando os gêmeos na rede a dois dias de completarem os 5 meses. Hoje eles estão com 4 anos e 7 meses e na fase final de um desmame natural.]

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