Maternidade e matemática não combinam

Maternidade e matemática não combinam

Digo que maternidade e matématica não combinam especialmente se nos referimos aos números usados para definir padrões rígidos e massificadores. O instinto se vê sufocado pelas regras dos outros, técnicas infalíveis, metas de perfeição.

Deixamos de nos conectar com o bebê para calcular. De tentar compreendê-lo para seguir uma série de instruções. Deixamos de acolhê-lo para alcançar um resultado a todo custo. De confiar em nós mesmas para depositar toda nossa esperança em métodos e parafernálias que nos são vendidos.

Se desejamos ser protagonistas da nossa maternidade, se queremos fazer o melhor pelos nossos filhos, precisamos nos libertar dos números. Esquecer do relógio, da balança, da fita métrica, do cronômetro, do calendário.

Seu filho não é um ponto numa curva de crescimento. Não é a quantidade de gramas especificada numa balança. Nem a soma das horas que dorme, o tempo que passa no peito, ou o intervalo entre as mamadas. Não é o tanto de comida que ingere numa refeição. Não é o número de vezes que se desperta durante a noite. Nem o período que demorou para conseguir fazer isto

Uma maternidade que respeita

Fuja de recomendações profissionais e releve palpites de pessoas que focam nos números e não olham para o indivíduo. Tratar de fazer com que todos estejam na média é uma grande falta de respeito. Vender métodos que desconsideram o ritmo de desenvolvimento normal e esperado e ainda taxá-lo de “anormal” é desonesto. Insistir em orientações que são contrárias às evidências científicas atuais é ignorância ou má-fé.

Esqueça os números. Olhe para o seu bebê. Conecte-se, observe, leia os sinais e interprete-os corretamente. Ninguém conhece seu filho melhor do que você mesma. Não permita que nada nem ninguém dite as normas do seu maternar. Não tenha medo de acudir sempre que te chame, de oferecer peito e colo irrestritamente, de respeitar o seu biorritmo, biotipo e temperamento.

Cada ser humano é único e nenhum bebê deveria ser obrigado a se enquadrar nos padrões pouco realistas construídos pela nossa cultura e que tanto desrespeitam a fisiologia do desenvolvimento da nossa espécie.


Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs

[Na foto, um registro nosso quando os gêmeos estavam com 23 dias de vida.]

Texto originalmente publicado nas minhas contas de Facebook e Instagram em 15 de outubro de 2018.

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