Sobre o privilégio de amamentar crianças falantes e sobre os belos diálogos e lições que surgem a partir disso.
Estava sentada na beirada da cama traduzindo um texto e Matias apareceu para mamar. Depois de mudar de um lado para o outro, ele me pede para deitar. Mama um pouco e solta o peito e pede para ver o leite. Daí apertamos juntos e cada gota que aparecia no bico ele ia sugando devagarinho. Em um momento, escorre um pouco através do mamilo.
– Parece um vulcão em erupção de leite.
– É mesmo. E você gosta?
– Sim. Eu gosto de mamar para sonhar.
– Como assim? Você gosta de mamar antes de dormir?
– Sim. Mamar e depois …
E pulou da cama e correu para fora do quarto rindo sem concluir seu raciocínio.
Depois de um tempo ele voltou e eu retomei o assunto:
– Mati, então você gosta de mamar para sonhar?
– Sim.
– Por quê?
– Porque é mais gostosíssimo para dormir.
Em um mundo onde somos tão pressionadas em relação ao desmame, onde se critica fortemente a associação do peito com o sono infantil, eu estou feliz por ter amamentado por tempo suficiente para ouvir do meu filho (que na próxima segunda, junto com sua irmã gêmea, completa 3 anos) que mamar para dormir é algo que ele desfruta muito, que lhe faz bem. Para mim esse diálogo foi um presente e uma lição.
Ele me deu a segurança de ter escolhido o melhor caminho para nós, cheio de benefícios para a saúde física e emocional de ambos, e também me ensinou a nunca duvidar que a natureza é perfeita e que vale a pena esperar e respeitar os tempos fisiológicos das crianças em todas as áreas.
Por Gabrielle Gimenez @gabicbs
[Na data desta publicação no Blog o Matias está com 4 anos e 3 meses e ainda mama um pouco antes de dormir. A esta altura o peito começou a perder sua preponderância, as noites completas de sono são cada vez mais a regra, porém a demanda por contato físico nos eventuais despertares ainda permanece. Eles precisam de nós para se sentirem seguros. Esta é uma necessidade biológica do ser humano que deveríamos respeitar sem medo. No tempo certo eles já não precisarão da nossa ajuda. Aproveitemos o agora!]
Relato originalmente publicado nas minhas contas de Facebook e Instagram em 29 de maio de 2018.
Nossa como gostaria de ter tido conhecimento dessas informações antes, por pressão e falta de conhecimento dei fórmula para o meu bebê com menos de um mês, graças a Deus ele não largou o peito.
A gente faz o melhor que pode com a informação que temos disponível, não é mesmo? Que bom que no seu caso ele não largou o peito. Precisamos fazer com que a informação continue chegando a tempo a quem precisa. A pressão para o desmame é muito grande na nossa cultura. Um abraço.
Que lindo, me fez chorar, porque sinto exatamente essa pressão por desmamar, o cansaço as vezes me faz pensar que realmente estou errando em amamentar minha filha de 3 anos e meio. Mas seu texto deixou meu coração mais quentinho! Gratidão ❤
Um abraço, querida. E muita sabedoria para administrar a situação nesta reta final de modo que seja prazeroso para ambas. <3
Seus relatos deixam as noites “mal dormidas” mais leves e me trazem a segurança de que estamos no caminho certo. Obrigada por tanto!
Ow, querida, obrigada pelo carinho. Muita força e leveza para os seus dias. Um abraço!