Li há alguns dias uma analogia entre os filtros para foto do Instagram e as nossas crenças, pelo modo em que influenciam a forma como vemos a maternidade. Desde então estive pensando sobre o assunto.
A maternidade é inegavelmente desafiadora, um processo de profunda transformação. Envolve trabalho físico e desgaste emocional. Implica em doação e cuidado constantes, quase ininterruptos. É cansativa e por vezes frustrante. Mas dependendo do filtro pelo qual a olhamos, mesmo em meio ao caos da reconstrução de uma identidade poderemos encontrar beleza. E com ela amadurecimento, força, conexão, resiliência, propósito e um amor dá sentido a tudo.
Se nos sentimos com frequência inúteis, manipuladas, incapazes, erradas, improdutivas, menos que os demais, então provavelmente é hora de rever nossos valores. Se é que são mesmo nossos, ou se estamos apenas reproduzindo o discurso limitante do nosso contexto. Incluído aí as críticas, o desmerecimento, as acusações e os mitos da nossa cultura.
Que a maternidade não é cor-de-rosa, creio que estamos todas de acordo quanto a isso. Mas entre os extremos do preto e do branco, existem uma infinidade de cores que podem ser bem nossas. Talvez precisemos melhorar a nitidez com que enxergamos o nosso maternar. Calibrar o brilho, ajustar o contraste, realçar as cores, elevar a temperatura. E não importa que não se pareça ao de mais ninguém. O seu maternar é seu, é único. Felizes são aquelas que encontram o tom que lhes cabe à perfeição e com ele a leveza tão necessária ao ser mãe.
Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs
Texto originalmente publicado na minha conta do Instagram em 04 de junho de 2019.