Soluções para o choro sem chupeta: Acalmando o bebê através da exterogestação

Soluções para o choro sem chupeta. Acalmando o bebê através da exterogestação.

Compreender as necessidades do bebê no início da vida nos ajudará a lidar com o seu choro com menos desespero.

O bebê humano, dentre os mamíferos, é o que nasce mais imaturo e dependente, levando muitos anos para atingir seu pleno desenvolvimento físico e emocional.

Durante os primeiros meses, precisa não apenas de alimento para sobreviver, mas também de calor, toque, segurança, colo, movimento, contorno, sons e um forte vínculo com um cuidador primário, de quem não se entende como um ser em separado. Nesta fase, deve sentir que o mundo é bom, que é amado, que as pessoas são confiáveis e que não está só.

Choro é comunicação

O choro do bebê é sua única forma de comunicação e não deve ser silenciado. Chupetas e outros bicos artificiais, apesar da ampla aceitação popular e conveniência, acabam gerando uma série de prejuízos à saúde e desenvolvimento, como desmame precoce, alterações neuromusculares, distúrbios orais, patologias respiratórias, maloclusão, deformidades esqueléticas orofaciais, dificuldades fonoarticulatórias, problemas posturais, alterações alimentares, problemas neurocognitivos e psicocomportamentais; afetando a qualidade de vida como um todo.

Em algumas culturas ou tribos primitivas, os bebês raramente choram, mesmo sem chupetas, tampouco sofrem de cólicas. Costumam passar o dia sendo levados ao colo e amamentados em livre demanda. A partir desta observação antropológica e sociocultural, surgiu o conceito de exterogestação, explicando como recém-nascidos, especialmente durante o primeiro trimestre (ou até semestre) de vida, necessitam das sensações intrauterinas para se sentirem seguros e satisfeitos, levando-os a um estado de relaxamento e calma, e favorecendo seu pleno desenvolvimento.

Quando está dentro do útero, o bebê vive em um ambiente estável e estimulante, com líquido, barulhos, temperatura agradável e alimento constante. Para acalmá-lo nos primeiros meses após o nascimento, é preciso reproduzir esta riqueza de sensações.

Dicas de exterogestação para acalmar o bebê

  • Contenção: Colo, charutinho, slings e carregadores de bebês ergonômicos, método canguru.
  • Posição: manter a coluna em forma de C (“sapinho”), segurar de lado ou barriga para baixo, variar as posições e evitar deixar por longos períodos em cadeirinhas ou berços.
  • Embalo: movimento suave e rítmico (cadeiras de balanço, bola de pilates, cadeirinhas com movimento).
  • Sons: batidas do coração, sons de útero ou natureza, músicas clássicas ou ouvidas durante a gestação/parto, ruídos brancos (secador de cabelo, ar-condicionado, rádio fora de estação…).
  • Sucção: amamentação em livre demanda, sem horários rígidos.
  • Toque: contato pele a pele, carinhos, massagens (Shantala).
  • Banhos relaxantes: na banheira, chuveiro ou balde, com temperatura agradável e segurança.
  • Sono seguro: dormir no quarto dos pais por, no mínimo, 6 meses ou idealmente até 1 ano (recomendação da AAP – Academia Americana de Pediatria).
  • Apego seguro: construir vínculo através da presença, resposta consistente e amorosa e cuidado diário.

Atender às necessidades do bebê através das dicas de exterogestação favorece que ele cresça com boa autoestima, confiante, equilibrado e se torne independente no próprio tempo. Acostumar mal a um bebê é privá-lo de sentir seu amor. Aproveite as dicas e curta esta fase com seu bebê tranquilo, saudável e feliz.

[Leia mais em: Bebê Nervoso, Bebê Bonzinho, ou, Simplesmente Bebê? e O Choro do Bebê e o Desmame Precoce.]

[Para se aprofundar no tema assista a nossa live ou ouça nosso podcast sobre Necessidade de Sucção dos Bebês: Mitos e Verdades.]


Artigo* de Andreia Stankiewicz, mãe de dois, cirurgiã-dentista especialista em Odontopediatria, Ortopedia Funcional dos Maxilares e Aleitamento Materno, coordenadora do Espaço VIVAVITA Saúde Materno Infantil.

Você pode acompanhar o seu trabalho no Facebook @vivavitaodontoesaude e no perfil do Instagram @andreiastankiewicz

*Escrito para a Revista Saúde – Unidade Bauru.

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