A pergunta que 9 entre 10 pais de bebês devem se fazer todos os dias. Dormir a noite toda é o #musthave da nossa cultura ocidental industrializada. Mas essa pode não ser uma meta a ser alcançada. Vem ler para entender o porquê.
Finalmente chegamos ao ponto em que me despeço dos meus filhos na hora de dormir e só os volto a ver pela manhã quando se levantam. Ainda temos exceções, é claro. Como quando eles adoecem, por alguma ida ao banheiro na madrugada e sede. Mas, no geral, esta tem sido nossa dinâmica. Voltei a dormir no meu quarto e na minha cama com meu marido depois de 4 anos de cama compartilhada nos mais variados lugares, formatos e posições.
A falácia de “dormir a noite toda”
Que maravilha, hein? O sonho de toda mãe: voltar a dormir a noite toda… Ah, não, peraí. Quem disse que voltei a dormir a noite toda? Acordei com o nariz entupido, para me cobrir porque estava com frio, para me destapar porque estava com calor. Para tomar água porque tinha sede, com o barulho da chuva torrencial no telhado. Com meu marido se mexendo na cama ou o gato miando, etc.
Dormir a noite toda é apenas força de expressão. Ninguém dorme a noite toda li-te-ral-men-te. Nós temos em média de 5 a 8 despertares por noite, alguns mais evidentes que outros. E, bem, com os pequenos seres humanos não poderia ser distinto. Na verdade, a única diferença entre os adultos e os bebês e crianças pequenas é que nós podemos suprir nossas próprias necessidades e voltar a conciliar o sono sem qualquer tipo de ajuda. Apenas isso. Já eles precisam de alguém, ou seja, de nós.
Quando deixarão de precisar de mim?
O “aprendizado” virá com o tempo, com a sua própria maturação. Virá da segurança que lhe foi transmitida por nós pais quando eles precisaram e solicitaram ajuda e companhia. Sei que no auge do cansaço a gente só pede para que eles (pelo amor de Deus!) comecem a dormir a noite toda. No entanto, cá estou eu sendo relembrada de que embora seja muito bom dormir e acordar na minha própria cama, sem precisar levantar para atender ninguém, isso não significa necessariamente dormir a noite TODA.
E, sim, chega o dia em que eles podem se valer por si mesmos, despertar e voltar a dormir sem ajuda. E eu estou muito feliz de ter confiado na natureza e acompanhado com respeito e acolhimento o processo de evolução natural do sono deles. Sem precisar ensinar ou treinar nada. Foi cansativo como a vida mesma, mas, como todo bom investimento, valeu muito a pena.
Leia mais em: 14 Verdades Sobre o Sono Infantil e A Evolução do Sono dos Bebês.
Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs
[Texto originalmente escrito e publicado em outubro de 2019. Os gêmeos estavam com 4 anos e 4 meses na época. Eles finalizariam o processo de desmame natural 3 meses mais tarde. A consolidação do sono veio antes. Mais de um ano depois, ainda temos despertares noturnos eventuais, e às vezes invadem nossa cama. Eles só têm 5 anos e quando precisam, sabem que podem contar com a gente, mesmo que durmam bem no seu próprio cantinho.]