Cólica do bebê: a controvérsia

Cólica do bebê. Entenda a controvérsia sobre a sua origem.

Como prometi no post anterior, vamos falar sobre as temidas cólicas. Não existe consenso sobre a origem do que costuma-se chamar cólica do lactente ou cólica benigna.

Definindo a cólica do bebê

Alguns autores, inclusive, substituem o termo por choro excessivo na infância. Também não existe consenso sobre os seus sintomas. No entanto, uma definição clássica a descreve como choro inconsolável que dura mais de três horas por dia, mais de três dias por semana e por mais de três semanas, em bebês saudáveis (WESSEL). Existe menos consenso ainda sobre o seu tratamento. Isso porque não há evidência científica sólida que demonstre eficácia/segurança e justifique a recomendação dos métodos caseiros comumente usados, ou dos medicamentos receitados pelos profissionais.

O que acontece em outras culturas

Sabemos que em sociedades não ocidentais o conceito de cólica como o concebemos sequer existe. Os bebês de todas as culturas choram. Não canso de frisar que choro é comunicação! Mas aparentemente a duração do choro varia dependendo do estilo de criação, cuidados e atenção prestada ao bebê. O próprio conceito de “choro excessivo”, dependerá muito da percepção dos pais, segundo suas expectativas em relação ao comportamento do bebê, contexto social, estado emocional. Não se trata apenas do bebê, mas do adulto.

A razão desse chororô acontecer em geral no fim da tarde ou início da noite tampouco é clara. E nesses casos também é chamado de “hora da bruxa”. Alguns a atribuem ao excesso de estímulos acumulados pelo bebê ao longo do dia nesse começo de vida extrauterina (exterogestação, lembram?). Outros a relacionam com a fusão emocional entre o bebê e sua mãe.

Mas se outra vez trazemos o exemplo das culturas em que a cólica é desconhecida, veremos que ali os bebês passam a maior parte do dia sendo carregados por suas mães. O que proporciona contato próximo, com livre acesso ao peito. Isso lhes permite desfrutar de uma forma de relação mais ampla com elas.

Não existe fórmula mágica

Diante de tudo isso, devemos entender que não precisamos medicar o choro, e sim, acolhê-lo. Fornecer ao bebê o contato que ele tanto precisa para existir e se desenvolver de forma plena. O melhor remédio continua sendo responsividade dos pais, empatia, colo, peito e paciência. Estes episódios desaparecem sozinhos ao redor do 3/4° mês.


Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs

Texto publicado originalmente no meu perfil do Instagram em 19 de setembro de 2020.

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