Cama compartilhada: sim ou não?

Cama compartilhada: sim ou não?

Aqui vamos revisar os principais aspectos relacionados à prática da cama compartilhada: onde o bebê e os pais dormem melhor? Um pouco de história e evolução humana, reflexões antropológicas, evidências científicas, quais benefícios, regras de segurança, depoimentos de família e mais!

Onde o bebê e os pais dormem melhor?

Vamos combinar: não existem regras universais de como criar um filho. Portanto devemos estar sempre alertas a conselhos de livros, artigos, pediatras, familiares ou amigos que dizem que “tem que ser ou fazer assim, esse é o único jeito certo”. Assim, as únicas pessoas que devem responder à questão “Aonde meu bebê deveria dormir?” são os pais, portanto ouça o que seu bebê tem a lhe dizer e o que seus instintos maternais e paternais opinam sobre isso!

Para refletir qual local o bebê e os pais dormem melhor, pergunte-se: onde o bebê dorme melhor? Com os pais na cama, no berço em outro quarto, num berço no mesmo quarto, porém distante da cama dos pais, no berço no mesmo quarto junto à cama (como em um co-sleeper)? E onde você dorme melhor? Finalmente, onde você gostaria que seu bebê dormisse?

Percebe-se que a gama de variações possíveis é grande, então é provável ter que tentar alguns dos arranjos até descobrir onde todos da família dormem melhor. E fique ciente de que mudanças nos padrões de sono ocorrerão, conforme os vários estágios de desenvolvimento do bebê.

Vamos analisar alguns tipos possíveis de arranjos:

  1. Bebê dormindo em outro quarto sozinho: essa é a situação tradicional da sociedade moderna, porém é necessário alertar que raramente um bebê adormece sozinho e dorme a noite toda desde o princípio, muitos necessitam de contato noturno e alguns o pedem mesmo depois de terem dormido bem no próprio berço por alguns meses. Alguns pais tentam fazer esse arranjo por meses (ou até anos!) sem que ninguém na família consiga dormir bem. Será que não vale a pena refletir porque o bebê não gosta de dormir no berço sozinho? Vale a pena comparar com o bebê da amiga que dorme bem a noite todinha em seu berço? Confie em seu instinto e faça suas decisões próprias, levando em consideração o que é melhor para seu bebê e sua família.
  2. Bebê dormindo no quarto dois pais mas não na mesma cama: essa situação é comum quando a casa só tem um quarto e quando os pais gostam de ter seu bebê próximo (para facilitar a amamentação ou simplesmente para ter tranquilidade). A Associação Americana de Pediatria (AAP) recomenda dormir próximo ao bebê nos primeiros meses para auxiliar no estabelecimento da amamentação (1). Uma opção para esse arranjo é o co-sleeper (veja um exemplo aqui).
  3. Bebê dormindo na cama dos pais: alguns bebês e alguns pais dormem muito melhor em proximidade um com o outro (o oposto também pode ser verdadeiro). Vamos focalizar esse artigo nesse arranjo, que chamamos de cama compartilhada ou cama familiar.
  4. Portas abertas: muitos casais não conseguem chegar a um consenso sobre o melhor local para o bebê dormir dentre as opções acima. Uma mãe sugere uma “solução híbrida”, a qual definiu como “portas abertas”, em que os filhos tinham suas camas em seus quartos, porém sempre tiveram liberdade para vir à sua cama se quisessem. “Sabendo que tinham acesso livre, só nos solicitam quando realmente sentiam, e sentimos que isso nos ajudou a formar um conceito de união, de afeto, de suporte emocional e cumplicidade essencial no meio familiar. Esse arranjo foi adotado por instinto e sempre funcionou bem em nossa família”, Waleska, mãe de Caio, 8 anos, e Enzo, 2 anos, Portugal. Novamente, não existem regras rígidas para prática da cama familiar, tenha mente aberta a opções variadas (2, 3).

Um pouco de história e evolução humana

Todos os primatas, exceto humanos, dormem com seus bebês. Ao longo de dois milhões de anos de evolução humana, pais e filhos dormindo em camas separadas é algo muito recente na História. Mamães dormiam próximas aos seus bebês e amamentavam durante a noite quase sem despertar. Os bebês recebiam proteção, afirmação emocional, lições de como respirar, calor e leite materno através deste hábito antigo.

O forte desejo dos bebês humanos de dormir junto de suas mães tem sua base em nossa história evolutiva. No estágio em que nossa espécie se ocupava da caça, os bebês eram extremamente vulneráveis a predadores e ao clima frio, especialmente à noite. Outro aspecto é que, para um animal, o sono é um momento de perigo, por conseguinte, nossos genes nos impelem a mantermo-nos despertos quando nos sentimos ameaçados e a adormecer apenas quando nos sentimos seguros. Muitas pessoas têm dificuldade em dormir em hotéis, ou porque “estranham a cama”, ou pela falta de companheiro/a, ou pela presença de desconhecidos (4).

Os bebês que temiam o escuro e se recusavam a dormir sozinhos tinham melhores chances de sobreviver do que os bebês que não reclamavam quando eram deixados de lado. Bebês deixados sozinhos, acordados, que não protestassem e adormecessem facilmente, teriam seus genes eliminados pela seleção natural.

Pelo contrário, o gene que levava as mães a permanecerem junto dos filhos transmitiu-se a numerosos descendentes. Esse mecanismo para que o bebê permanecesse em contato contínuo com sua mãe também de noite era necessário e tinha dupla função: o desejo da mãe de estar com o filho e a resistência de muitas crianças a dormirem sozinhas.

Hoje, apesar de os predadores não serem mais uma ameaça e termos casas aquecidas, os reflexos, instintos e necessidades do bebê humano moderno ainda estão ligados ao estilo de vida do estágio da caça. As mudanças culturais ocorreram muito rapidamente para que tivessem um grande impacto na composição genética da nossa espécie desde aquela época. Somos parte dessa descendência. As mães possuem uma inclinação genética espontânea para permanecerem junto dos filhos. Os nossos filhos estão geneticamente preparados para dormirem acompanhados (5). Observação: Se seu filho dorme durante toda a noite, espontânea e voluntariamente, não se assuste, é raro, mas também é normal.

Mudanças culturais recentes

Somente nos últimos 150 anos, com o surgimento de casas com vários compartimentos, é que se começou a separar os bebês e colocá-los para dormir longe dos seus pais. As crianças das sociedades tecnológicas têm sido mais separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na história da nossa espécie. Mais e mais nascimentos passaram a acontecer em hospitais, e os berçários nos hospitais foram inventados para proteger as crianças de infecções, isolando-as de contato. Desde o nascimento, esperava-se que os bebês dormissem sozinhos, longe de suas mães (6). O declínio da amamentação, promovido pelas empresas produtoras de leites artificiais, também contribuiu para acentuar a separação entre mães e bebês. O resultado de todas estas influências é que, por volta de 1950, pouquíssimos bebês nas nações industrializadas ocidentais dormiam com suas mães (6).

Devido às mudanças repentinas e considerando-se que a seleção e a pressão cultural “atropelaram” a seleção natural, não é de estranhar que os pais começassem a procurar ajuda para novos tipos de problemas. Especialistas no campo de educação infantil se viram procurando soluções para bebês que não dormiam bem à noite, que queriam dormir com seus pais, ou tinham pesadelos e medo do escuro. Muitos desses problemas ligados ao sono poderiam ser o resultado de se forçar os bebês a dormirem sozinhos. Existem tantos livros e artigos sobre o tema que praticamente podemos dizer que o grande objetivo da puericultura do século XXI tem sido fazer com que o bebê durma sozinho!

Reflexões antropológicas

À luz de estudos antropológicos, vamos agora pensar no local onde o bebê dorme, utilizando observações de diferentes sociedades, as quais educam seus filhos com influência de várias culturas (6).

Na cultura ocidental, como nos EUA e Brasil, a independência da criança é supervalorizada. Numa pesquisa em que se perguntou a pais americanos qual o objetivo na educação dos filhos, a maioria esmagadora dos pais respondeu algo que continha a palavra independência.

Essa visão ajusta-se perfeitamente ao que a sociedade ocidental espera de seus indivíduos, ou seja, um indivíduo na sociedade ocidental tem chances de ser bem sucedido se for independente em vários aspectos. No mercado de trabalho, por exemplo, a medida do sucesso é a superação dos concorrentes.

Já em culturas não industrializadas, como tribos aborígenes na Austrália, ou indígenas em vários lugares do mundo (África, Equador, Brasil e outros), a meta principal da vida não é a independência. Não se espera que o indivíduo cresça para uma vida individualista. Ao contrário, ele continuará sempre no grupo, onde desempenhará uma função específica, porém numa posição interdependente. Dessa forma, o sucesso da sociedade não se mede em nível individual e sim em nível coletivo.

A industrialização global está mudando esse aspecto mesmo em sociedades menos industrializadas, tendo uma grande influência na cultura e, em consequência, no modo de educar os filhos. A sociedade japonesa pode ser classificada numa posição intermediária nesses aspectos, em que o sucesso do indivíduo na sociedade não é medido como independência e individualidade (como nas sociedades ocidentais). O que se espera do indivíduo na sociedade japonesa é uma posição de interdependência.

Diferentemente das sociedades menos industrializadas, o Japão, onde se pratica cama compartilhada por muitos anos da criança, é um país industrializado e moderno, indicando que a dependência das crianças não é fator negativo ou impeditivo para o sucesso da sociedade como um todo.

Agora lançaremos mão das evidências científicas que possibilitaram identificar o que é benéfico para os bebês, independentemente da cultura ou sociedade em que se encontram.

O laboratório do sono

O médico americano James McKenna, professor de antropologia biológica e diretor do Mother-Baby Sleep Laboratory, da Universidade Católica de Notre Dame, nos Estados Unidos, é um alento para mães que desejam praticar cama familiar. Na corrente inversa à de pediatras e psicólogos que condenam tal divisão de espaço, ele defende o ponto de vista de que, muito mais do que um conforto para pais e filhos, dormir na mesma cama ajuda a construir um adulto seguro e positivo.

Interessante notar que o Dr. McKenna iniciou suas pesquisas quando percebeu, “acidentalmente”, que o próprio filho relaxava e dormia bem ao seu lado, possivelmente porque o ritmo de respirações entre eles se sincronizava. Até hoje, mesmo depois de mais de 15 anos de pesquisas, ele ainda se surpreende ao ver o ritmo da respiração e batimentos cardíacos de mãe e bebê sincronizarem quando dormem próximos.

Em seu laboratório estudou os padrões de sono e as ondas cerebrais dos bebês, com eletrodos registrando os batimentos cardíacos, respiração, movimentação e outros parâmetros, comparando-se pares de mães e bebês que dividem a cama, com os que dormem sozinhos. Os bebês que dormem com as mães despertam mais vezes e também ficam menos tempo em sono profundo do que os bebês que dormem sozinhos. Isso se deve provavelmente aos sons e movimentos da mãe durante seu próprio sono (7).

Esse estímulo durante a noite foi sugerido como uma possível proteção contra a síndrome da morte súbita infantil (SIDS). Estudos comparativos entre várias culturas mostraram que nas culturas em que os bebês são levados ao colo regularmente e em que as mães dormem com as crianças, a média de incidência de SIDS é mais baixa comparada às médias das culturas em que estas práticas não são seguidas (observação: as pesquisas não indicam que dormir sozinho causa SIDS, mas sugerem que o bebê dormir com a mãe pode ser um fator de proteção contra SIDS). (7,8) Além da regulação da respiração e possível proteção contra SIDS, o contato físico do bebê com os pais pode ajudar no equilíbrio de outros sistemas corporais do bebê.

Conexão mãe-bebê na cama compartilhada

Quando um bebê é colocado no peito da mãe, coisas impressionantes acontecem: se o bebê está muito frio, a temperatura corporal da mãe se eleva para aquecê-lo, se está muito quente, irá diminuir para esfriá-lo. Este processo é chamado de sincronia térmica. Estar próximo de seu corpo também ajuda a regular os padrões de sono, a taxa metabólica, os níveis hormonais, a produção enzimática (ajudando na capacidade do bebê de lutar contra doenças), a frequência cardíaca, a respiração, o sistema imune etc. (9,10)

Quando a criança está no útero, ela está fisicamente conectada à mãe pelo cordão umbilical. O líquido amniótico e as fortes paredes do útero promovem estimulação tátil. A criança sente essa conexão física. Quando o bebê nasce, a conexão física será elaborada durante o tempo que ele irá passar sendo carregado, embora a maioria dos bebês na sociedade ocidental passe tempo significativo separados de seus pais. O bebê que dorme em uma cama sozinho à noite ou durante os cochilos diurnos, e que também fica muito tempo no balanço, bebê-conforto, moisés e outros aparelhos projetados para segurá-lo, de modo que não tenha que ser carregado no colo, pode sentir enorme frustração e ansiedade, pois estava acostumado a sentir constantemente a conexão física com sua mãe e ainda não tem a experiência ou o desenvolvimento cognitivo para lidar com essas situações.

Pesquisas científicas extensas mostram que cama compartilhada segura pode ser um investimento real no futuro físico e emocional de seu filho, pois dormir com eles pode influenciar positivamente a fisiologia e aumentar a conexão emocional entre pais e filhos.(9)

Com que idade dormirá sozinho?

Já enunciamos uma série de benefícios da cama familiar, mas o leitor pode estar se perguntando até que idade praticá-la. Não existe idade certa quanto se trata de cama familiar. Como a atitude da nossa sociedade com respeito a tal prática é negativa, e como não existem estudos sérios sobre a sua duração exata, orientamos que os pais sempre se perguntem as motivações de suas opções.

Crianças japonesas podem dormir com os pais até os cinco anos. A mudança para seu próprio quarto pode ser mais fácil se já existir um irmão mais velho com o qual partilhá-lo, embora, a partir de certa idade, seja possível que também o irmão mais velho prefira estar sozinho.

Os sistemas que envolvem o medo e a angústia de separação tornam-se menos marcantes com o tempo, pelo desenvolvimento do cérebro que começa naturalmente a inibi-los. Quando as crianças compreendem que não há qualquer perigo, que os pais estão no quarto ao lado e que, se precisarem, virão ao seu encontro, são capazes de dormir sozinhas sem chorar e sem chamá-los se não houver qualquer problema. (9)

A longo prazo, a cama compartilhada pode trazer problemas?

Enquanto muitos pediatras e psicólogos defendem os benefícios oferecidos às crianças que dormem sozinhas em seus quartos, a verdade é que nenhuma dessas supostas vantagens foi comprovada cientificamente. A grande ironia é que estudos recentes demonstram exatamente o oposto. Em crianças que dividiram a cama com os pais é que se percebe forte senso de independência, sociabilidade, autoestima, e bom comportamento com os colegas da escola e identidade sexual.(9, 11, 12, 13)

Prática consciente da cama familiar

É fácil verificar que a maioria dos pais na sociedade ocidental considera certo que o bebê durma no berço desde o início, pois esse conceito está impregnado em nossa cultura. Porém, críticas a quem pratica ou não pratica a cama compartilhada não deveriam ser bem vindas, pois cada família vive situação distinta e praticar ou não a cama familiar não é medida de criação melhor.

É importante frisar que o arranjo certo para sua família pode não ser a cama familiar. Existem muitos fatores a serem considerados como: expectativas, calma e capacidade de estabelecer rotinas confortáveis para os pais, além de tamanho e conforto das camas.

Algumas famílias iniciam a prática da cama compartilhada por “acaso”, numa tentativa de conciliar um pouco de descanso, caso o bebê não durma bem no berço. Nesses casos é possível haver ressentimento por parte dos pais. Às vezes, trata-se de criança a quem se tentou habituar a dormir sozinha durante uma temporada. Se os pais deixaram o filho chorar durante a noite e agora mudaram de ideia e o levam para a cama de casal, não se pode esperar que tudo corra bem a partir do primeiro dia. A resposta normal à separação é que o seu filho se mostre desconfiado, exigente e choroso durante uns dias, mesmo semanas. É preciso ter paciência e dar-lhe muito mimo, até que recupere a confiança.

Muitas famílias desfrutam conscientemente dos benefícios que a cama familiar traz. Esse arranjo consciente tende a dar muito mais certo do que a prática acidental. Em alguns casos já é decidida antes mesmo de o bebê nascer. Além disso, há famílias onde o bebê dorme bem no berço, e a família toda é feliz com a opção. Nesses casos não há razões para considerar uma mudança.

Se existe um desejo de praticar a cama compartilhada e os pais ficam receosos por causa das críticas (muitas baseadas em mitos, como vimos ao longo do texto); ou se estiver incomodada com palpites negativos de familiares ou amigos, experimente informá-los dos possíveis benefícios da prática da cama familiar. Família feliz, independentemente das escolhas em relação ao local de dormir, será a família em que existe muito amor e respeito mútuo e as necessidades emocionais dos filhos são sempre levadas a sério.

Cama compartilhada é segura

Pesquisas mostram que riscos de sufocamento são infundados, contanto que não haja fumantes em casa, pois o fumo aumenta em muito o risco de morte súbita do lactente; ou pais que durmam pesado pelo consumo de álcool ou medicamentos. De fato, em muitos casos, a cama familiar favorece maior grau de vigilância materna. Um estudo com cerca de 800 horas de vídeo com mães e bebês mostrou que, mesmo dormindo, mães pareciam estar cientes da presença do bebê perto delas e nenhuma rolou sobre ele.

A morte súbita do lactente (em inglês SIDS) é um problema de imaturidade da respiração ou da pressão sanguínea durante o sono. O sistema coração-pulmão do bebê amadurece bem após o nascimento, sendo bem irregular no início, especialmente durante o sono.

Pesquisas ao redor do mundo mostram que, nos países em que cama familiar é comum, as taxas de SIDS são menores. Na China, por exemplo, SIDS é tão raro que nem nome tem. Num estudo abrangendo cinco anos, somente 15 casos de SIDS foram relatados em Hong Kong, enquanto que nos países ocidentais, com o mesmo número de bebês, há relato de 800-1200 mortes por SIDS.

Essa discussão ainda traz muita controvérsia, principalmente porque os estudos que tentam provar os perigos da cama familiar não incluem fatores de risco, como o uso de cobertores e cansaço dos pais. Um exemplo recente é de um relatório do Governo Americano, que alerta os pais a não dormirem com seus bebês. Segundo a Junta Internacional de Pais (API- Attachment Parenting International), uma organização sem fins lucrativos composta por cerca de 100 grupos de apoio aos pais nos Estados Unidos e quatro grupos em países estrangeiros, esse relatório é enganoso. A Diretora da API afirma que milhares de pais ao redor do mundo dividem suas camas com seus bebês.

Experiências mostram que ao observar as regras de segurança (ver adiante), os benefícios de um ciclo de sono são maiores para mãe e criança, aumentando a chance de amamentação e o vínculo emocional com suas crianças. Mães inclusive têm salvado a vida de seus bebês por estarem ao lado quando o bebê adormecido parou de respirar.

A informação reunida pelas fontes da CPSC (Comissão Americana de Segurança de Produtos) falha em vários pontos ao identificar casos decorrentes de pais que fizeram uso de álcool ou drogas enquanto compartilhavam a cama com seus bebês e que utilizaram cobertores ou colchões impróprios. Apesar de mais crianças terem morrido em seus berços do que em camas de adultos, não existe nenhum movimento da CPSC para banir berços; ao contrário, eles estimulam fabricantes a produzirem berços mais seguros. Pais deveriam ser educados sobre como dormir de maneira segura com seus bebês pela criação de um ambiente livre de riscos (camas macias e fofas, com espaços entre o colchão e a parede e extremidades da cama sem guarda).

Dica: Experimente arrumar colchões no chão, para proporcionar conforto e espaço para toda família. Se necessário, invista em grades de proteção que se acoplam aos colchões, e que podem ser encontradas à venda em lojas do ramo.

Por que praticar cama compartilhada é bom?

  • Aproxima pais e filhos.
  • A criança não se sente sozinha.
  • Aumenta a autoestima do bebê.
  • Faz com que a criança se sinta amada e desejada.
  • Facilita e encoraja a amamentação prolongada.
  • Aumenta a intimidade da família.
  • Fica quentinho.
  • Se sentir saudades é só caprichar no abraço.
  • Uma cama a menos pra arrumar no dia seguinte.
  • A criança cresce com maior facilidade de relacionamento.
  • Aumenta a segurança.
  • Se acordar durante a noite fica mais fácil voltar a dormir.

Texto de Andréia C. K. Mortensen, PhD, neurocientista, Professora Assistente de Pesquisa no Departamento de Farmacologia e Fisiologia na Universidade Drexel, na Filadélfia, EUA, pesquisadora e membro da La Leche League Internacional, mãe de dois.

Artigo originalmente publicado no blog Crescer sem Violência.

[Na foto, um dos muitos arranjos que fizemos ao longo dos quase 4 anos e meio em que compartilhamos a cama com os gêmeos. Neste registro, Matias e Beatriz estavam com 11 meses e nós em uma fase em que colocamos todos os colchões no chão. O Fernando, que na época tinha acabado de completar 5 e dormia no seu próprio quarto, vinha pela manhã pro nosso cafofo. A opção pela cama compartilhada foi feita ainda durante a gravidez dos gêmeos e praticada de forma consciente pelo tempo que achamos necessário e benéfico para todos.]

Referências bibliográficas:

1. J. McKenna et al., Bedsharing Promotes Breastfeeding, Pediatrics 100, no. 2 (1997):214-219.

2. William, Robert, James e Martha Sears, The baby sleep book. Little Brown and Company, Time Warner Book Group (2005).

3. Elizabeth Pantley, Soluções para noites sem choro. Editora Mbooks (2002).

4. Carlos Gonzalez, Besame Mucho. Editora Pergaminho, 2005.

5. Scott, J.P. (1967). The process of primary socialization in canine and human infants.In J. Hellmuth (Ed.), Exceptional Infant. Vol. 1: The NormalInfant. Seattle: Special Child Publications.

6. Meredith F. Small. Our Babies, Ourselves. How biology and Culture shape the waywe parent. Acnhor Books (1998).

7. J. McKenna et al., “Sleep and Arousal Patterns of Co-Sleeping Human Mother-InfantPairs: A Preliminary Physiological Study with Implications for the Study of the Sudden Infant Death Syndrome (SIDS),” American Journal of PhysicalAnthropology 82, no. 3 (1990): 331-347.

8. A Reasonable Sleep. Evolution suggests that if we sleep with our babies, we mighthelp some of them escape sudden infant death syndrome. ByMeredith F. Small DISCOVER Vol. 13 No. 04 |April 1992 | Medicine

9. Margot Sunderland, The science of parenting. DK Publishing Inc. (2006).

10. Bergman N. More than a cuddle: skin-to-skin contact is key. Pract Midwife. 2005Oct;8(9):44; Jackson D 1999 Three in a bed: The benefits of sleeping with your baby,Bllomsbury, London

11. Mosenkis, J. (1998). The Effects of Childhood Cosleeping On Later Life Development. Masters Thesis. University of Chicago. Dept. of Human Dev.

12. Hayes, M.J., Roberts, S.M., & Stowe, R. (1996). Early childhood co-sleeping:Parent-child and parent-infant nighttime interactions. Infant Menta lHealth Journal, 17(4): 348–357.

13. Lewis, R.J., Janda, L.H. (1988). The relationship between adult sexual adjustmentand childhood experience regarding exposure to nudity, sleepingin the parental bed, and parental attitudes toward sexuality. Arch Sex Beh,17:349–363.

14. Jackson D 1999 Three in a bed: The benefits of sleeping with your baby,Bllomsbury, London.

15. Gaultier C. Cardiorespiratory adaptation during sleep in infants and children. Pediatr Pulmonol. 1995 Feb;19(2):105-17. Review.

Mais fontes úteis de pesquisa:

Website do Laboratório de sono Mãe bebê do Dr. James McKenna’s, Universidade de Notre Dame: https://cosleeping.nd.edu/

Refutação de Dr. James McKenna’s do relatório da CPSC (US Consumer ProductSafety Commision’s) contra cama compartilhada: https://cosleeping.nd.edu/assets/31970/

Artigos sobre cama compartilhada do projeto “The Natural Child Project”: http://www.naturalchild.org/articles/sleeping.html

Artigos sobre cama compartilhada da Revista “Mothering”: https://www.mothering.com/articles/tag/sleep/

Informação sobre cama compartilhada e apoio da liga “Attachment Parenting International” (API): https://www.attachmentparenting.org/parentingtopics/infants-toddlers/babysleepstrategies

Informações sobre cama compartilhada no site de Elizabeth Pantley: https://elizabethpantley.com/co-sleeping-safety-tips/

Livros recomendados:

– William, Robert, James e Martha Sears, The baby sleep book. Little Brown and Company, Time Warner Book Group (2005).

– Elizabeth Pantley, Soluções para noites sem choro. Editora Mbooks (2002).

– Harvey Karp, O bebê mais feliz do pedaço. Editora Planeta do Brasil (2004).

– Margot Sunderland, The science of parenting. DK Publishing Inc. (2006).

– Hetty van de rijt, Frans Plooij. Oje, ich wachse. Goldmann Publisher (1998).

– Sleeping with Your Baby: A Parent’s Guide to Cosleeping. James J. McKenna. Platypus Media (2007)

1 thought on “Cama compartilhada: sim ou não?”

  1. Avatar

    Oi! Você poderia fazer um post contando sua experiência com cama compartilhada de gêmeos? Se ao chorar um acordava o outro e como você fazia para amamentar deitada pra dois ao mesmo tempo (tem como)?Achei pouquíssima coisa na internet e adoraria saber como foi, pois quero fazer cama compartilhada amamentando noturno em tandem. Tenho dúvidas se vai dar certo, ainda estou grávida da segunda…

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